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Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos Ponte de Lima

Paisagem Protegida das Lagoas_v2

Lontra

A Lontra (Lutra lutra) é um carnívoro pertencente à família Mustelidae e à subfamília Lutrinae. Com características típicas dos mustelídeos, apresenta algumas particularidades resultantes do seu modo de vida semi-aquático. Assim, tem um corpo fusiforme, com membros curtos e uma cauda longa (de comprimento superior a mais de metade do tamanho do corpo). O pescoço, embora largo, é pequeno e tem a cabeça achatada e larga, com orelhas pequenas. Os olhos são pequenos e encontram-se deslocados para a parte superior da cabeça. A sua pelagem é castanha-escura, ganhando um tom mais claro na região do ventre.

Como principais adaptações à vida aquática, a lontra apresenta fossas nasais valvulares que se fecham quando submerge, o mesmo acontecendo com as orelhas. O cristalino sofre uma distorção que permite uma visão perfeita debaixo de água. Para ajudar à captura das presas, o focinho possui vibrissas sensitivas. As patas são palmadas, as garras são pequenas e não retráteis, estando os cinco dedos unidos por uma membrana interdigital. As lontras têm o mesmo peso molhadas ou secas. Tal facto deve-se à eficaz proteção das duas camadas de pelos. A primeira, interna, é impermeável e densa, com pelos de 10 a 15 mm que retêm bolhas de ar funcionando como isolamento térmico. A segunda,  externa, tem pelos que podem alcançar os 25 mm sendo também impermeável. A cauda, muito musculada, é achatada dorsoventralmente na região intermédia e afunilada na extremidade. É útil na deslocação dentro de água funcionando como leme.

 

Distribuição e Abundância

A lontra pode ser encontrada desde a costa ocidental da Irlanda e de Portugal até ao Japão, e desde as zonas árticas da Finlândia até à Indonésia e às zonas sub-saharianas da África do Norte. No entanto, em Portugal é quase um caso isolado na distribuição e abundância da lontra, pois apresenta uma população regularmente distribuída pelo território e numa situação de relativa abundância, sendo das poucas populações viáveis.

 

Estatuto de Conservação

A lontra está inserida na Lista dos Mamíferos Raros e Ameaçados do Conselho da Europa, no Anexo II da Convenção de Berna e no Anexo I da Convenção de CITES. A União Internacional para a Conservação da Natureza e o Livro Vermelho dos Vertebrados de Espanha consideram-na uma espécie Vulnerável. Em Portugal, o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal atribui-lhe o estatuto de Insuficientemente Conhecida.

Os principais fatores de ameaça para a lontra são a deterioração dos habitats aquáticos e do meio circundante, a caça ilegal, a perturbação pelo homem, a mortalidade acidental, como afogamentos em redes de pesca e atropelamentos.

 

Habitat

É uma espécie intimamente associada às zonas húmidas. Todos os locais com água permanente e não muito poluída, que estejam relativamente livres de perturbação humana, são capazes de albergar lontras. Assim, esta espécie pode ser encontrada nas águas continentais (rios, ribeiras, lagoas, albufeiras, paúis, etc), em águas salobras (estuários) e no litoral marinho. São ainda referidos como determinantes para a lontra, a presença de um coberto vegetal que forneça abrigo e a disponibilidade de alimento.

 

Dieta

É uma espécie essencialmente piscívora, mas também se alimenta de artrópodes, répteis, micromamíferos e aves. A diversidade de presas consumidas aumenta no outono e no inverno. A lontra é um animal oportunista, consumindo espécies exóticas (alguns peixes e lagostins).

 
Reprodução

As fêmeas são poliéstricas, podendo ter crias ao longo de todo o ano. Tal como em outros mustelídeos, como o Texugo, a Marta ou a Fuínha, também a Lontra pode ter uma implantação diferida. Este processo implica que os óvulos da fêmea, ao serem fecundados, sejam implantados na parede do útero, no entanto, apenas se desenvolvem meses mais tarde. Os nascimentos ocorrem na época do ano mais favorável para o efeito, a primavera. O período de gestação é de aproximadamente 63 dias, nascendo entre 1 a 5 crias (a média são 2 a 3). As crias permanecem na toca 8 a 10 semanas, seguindo-se os primeiros passos no mundo exterior. Permanecem junto da mãe cerca de 13 a 14 meses, começando depois uma vida independente.

 
Curiosidades

Os machos adultos defendem o seu território, marcado por questões de alimentação e reprodução.

A lontra é um dos animais mais brincalhões da nossa fauna. Os seus jogos, que podem ter lugar dentro ou fora de água, chegam a incluir o uso de objetos (como frutos, paus ou pedras), ou o escorregar na neve ou em encostas enlameadas.

 

Na Paisagem Protegida

Esta espécie não é de fácil observação na Área Protegida, uma vez que tem hábitos predominantemente noturnos. Mais fáceis de detetar, podendo servir até de orientação para a sua observação, são os indícios de presença da lontra – pegadas e excrementos. no entanto, é possível observar com alguma frequência as suas pegadas e excrementos.

 

Fonte: Adaptado de Naturlink.